A HORA DE PARAR 

Este é um texto de pura reflexão para você que acredita que o tempo não é mais o mesmo de anos
atrás, que a vida está se desfigurando numa velocidade alarmante...


Você acorda mais cansado do que se deitou, as pessoas parecem estar vivendo uma espécie de transe coletivo

e você percebe nitidamente que os dias os meses, os anos estão se passando sem que estejam sendo vividos...
Vamos usar o exemplo do "Shabat" na tradição judaica que começa toda sexta-feira à noite.
"Shabat": O conceito que propõe descanso ao final do ciclo semanal de produção,

 inspirado no descanso divino, no sétimo dia da criação.
Muito além de uma proposta trabalhista entendemos a pausa como fundamental para a saúde de tudo que é vivo.
Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e
a terra imploram por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar
se torna uma necessidade do planeta.


Hoje o tempo de "pausa" é preenchido por diversão e alienação. Lazer não é feito de descanso mas de ocupações
para não nos ocuparmos. A própria palavra entretenimento significa
o desejo de não parar. E a incapacidade de parar é uma forma de depressão.
O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento cresce nessas condições. Nossas cidades se
parecem cada vez mais com a Disneylândia. Longas filas para aproveitar experiências
pouco interativas. Fim de dia com gosto de vazio.  Um divertido que não é nem bom nem ruim.
Dia pronto para ser esquecido, não fossem as fotos, e a memória de uma expectativa frustrada que
ninguém revela para não dar o gostinho ao próximo...
Entramos nesse milenio em um mundo em que é um grande shopping. A internet e a televisão não dormem.
não há mais insônia solitária. Solitário é quem dorme.
As bolsas do Ocidente e do Oriente se revezam fazendo do ganhar e do perder, das informações e dos rumores atividade incessante. A CNN inventou um tempo linear que só pode parar no fim.

Mas as paradas estão por toda a caminhada e por todo o processo.

Sem acostamento a vida parece fluir mais rápida e eficiente mas ao custo fóbico de uma paisagem que passa.
O futuro é tão rápido que se confunde com o presente.
As montanhas estão com olheiras e os rios precisam de um bom banho.

As cidades de uma cochilada, o mar de umas férias, o domingo de um feriado...
Nossos namorados querem "ficar" trocando o "ser" pelo "estar". Saímos da escravidão do século XIX para o leasing
do século XXI.  Um dia seremos nossos?
Quem tem tempo não é sério. Quem não tem tempo é importante. Nunca fizemos tanto e realizamos tão pouco.
Nunca tantos fizeram tanto por tão poucos...
Parar não é interromper. Muitas vezes, continuar é que uma interrupção.
O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair, literalmente ficar desatento, é um dia de atenção,

de ser atenciosos consigo e com sua vida.  A pergunta que as pessoas se fazem no descanso é:
"O que vamos fazer hoje?" - já marcada pela ansiedade.
E sonhamos com uma longevidade de 120 anos, quando não sabemos o que fazer com uma tarde de Domingo.
Quem ganha tempo, por definição, perde. Quem mata tempo, fere-se mortalmente. È este o grande
"radical livre" que envelhece nossa alegria, o sonho de fazer do tempo, uma mercadoria. Em tempos
de novo milenio vamos resgatar coisas que são milenares. A pausa é que traz a surpresa e não o que vem depois.

A pausa é que dá sentido à caminhada.
A prática espiritual desse milenio será viver as pausas.
Não haverá maios sábio do que aquele que souber quando algo terminou e quando algo vai começar.
 

Afinal, por que o Criador descansou?

Talvez porque mais difícil que iniciar um processo do nada, seja dá-lo como concluído.



RABINO NILTON BONDER


 
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